O peso das horas é avassalador... E não digo daquelas que já
se passaram, mas de todas que ainda estão por vir. Tudo isto é imobilizante. Deixa-me
perplexa diante da vida, de tal maneira a me congelar, paralisar, tornar-me inerte.
Ora se isto não é um veneno?! Disto, não tenho qualquer dúvida. Queria mesmo
era saber qual o antídoto. Dizem-me tente! Mas se a própria tentativa é frustrada
face à paralisia anterior. E o que fica disto tudo são apenas mentiras, engolidas,
sufocadas, no dia a dia... Viver? Já não sei o que significa, temo mesmo nunca
ter tido esta experimentação. Lá fora a vida manifesta-se em meio a um céu laranja,
dando boas vindas à noite, pessoas vêm e vão, fazendo suas caminhadas, tudo o
que eu queria era um pouco de fôlego, quem sabe. O dia foi bonito, sei disto
quase que como profeticamente e foi apenas mais um em que não pus os pés para
fora, nem senti o sol, alem daqueles singelos raios que teimam em penetrar pela
janela do meu quarto.